Era noite. Sua mente dava voltas em torno de si mesma, numa rotação descontínua. Andava devagar, por impossibilidade de fazer diferente.
Entrou num botequim sujo, caras desconfiadas o fitavam. O mundo havia parado por alguns instantes e ele podia ouvir seu coração batendo. Ela já o esperava.
Em um olhar ele já estava cego. De repente, se via em um espaço vazio sem ninguém, sem nada: só ela. Seu coração acelerava mais, seu peito esquentava, lembranças queimavam sua visão. Largado em um sentimento forte e negro, que em pouco tempo fez dele um animal. Transformou-o forte por fora e fraco por dentro.
Sem ver nada e ouvindo apenas ruídos de terror, ele grita. Grita alto na imensidão de seu inconsciente. Os ruídos aumentam, como que para desafiá-lo. Ele responde à altura, usando uma voz que desconhecia e um fôlego que nunca lhe pertenceu ele tem ódio.
Possivelmente o maior ódio que alguém pode sentir: é o ódio do amor. Um ódio que nasce de um vazio deixado por um amor que se é nescessário, mas que se esvai rápido deixando uma grande ferida aberta. Seus músculos se contraem e sua voz aumenta ainda mais. Mesmo assim, os ruídos não param de batalhar com ele. Então, por um estranho extinto, junta suas mãos na frente do seu corpo e as aperta. Ele para de gritar. Os ruídos baixam. Ele não sabe o que está fazendo. Ele não sabe o que está acontecendo.
Ele ouve um "Me desculpe", de uma voz familiar. Uma voz que há muito, já lhe disse belas palavras de amor e conforto. Era ela! Sua visão volta ao normal a tempo de ele conseguir vê-la, dando seu último suspiro que sai com dificuldade pela garganta, que suas mãos precionavam com tanto ódio. Ele a solta, no desespero de tentar salvar a vida que tirara, cegamente.
Ela está em seus braços. Ela o amava, o queria. Ele também. Mas ambos queriam uma coisa em comum:enxergar um ao outro.
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